Promotor paraguaio ainda não atua no caso Messer-Cartes

Quase duas semanas depois que o Ministério Público Federal do Brasil solicitou a prisão do ex-presidente Horacio Cartes por seus supostos vínculos com a organização criminosa de Darío Messer, o promotor paraguaio continua sem abrir uma pasta de investigação. No Brasil, eles também apontam para empresários, cambistas e um advogado de nosso país.
Faz quase duas semanas que a justiça do Brasil revelou o “Patrono Operacional”, que incluía cerca de trinta pedidos de detenção e entre os quais vários paraguaios, destacando o nome do ex-presidente da República, Horacio Manuel Cartes Jara ( ANR).

Segundo pesquisadores brasileiros, o ex-presidente fazia parte de um esquema de proteção política e financeira que permitia que seu “irmão-alma”, Darío Messer, continuasse fugitivo dos juízes do Brasil e do Paraguai.

No esquema da organização criminosa, também havia nomes de pelo menos sete outros paraguaios, segundo a investigação. Empresários, cambistas e um advogado foram mencionados como parte da organização criminosa de Messer no Paraguai (ver infográfico).

Até agora, o Ministério Público do Paraguai nem abriu uma pasta de investigação com base nas revelações feitas no país vizinho.

Cartes pediram para ser “investigados”

Após a divulgação do mandado de prisão contra o ex-presidente Horacio Cartes, seus advogados compareceram ao Ministério Público no Paraguai para solicitar a abertura de uma investigação em nosso país para acompanhar os fatos indicados no Brasil.

Um dos representantes legais da Cartes, Pedro Ovelar, disse que o ex-presidente não deve ser investigado pelo Brasil, pois os fatos foram supostamente cometidos no território nacional.

No documento que o ex-presidente enviou à procuradora-geral Sandra Quiñónez, ele afirma que o gesto é feito em sua capacidade de “senador vitalício e senador eleito”.

Desajeitado dos pesquisadores

Mais de um ano e meio atrás, as primeiras ordens de captura ligadas ao esquema de Messer no Paraguai saltaram.

Em maio de 2018, a justiça brasileira solicitou a captura de quem no Paraguai era tratado como um grande empresário e estava viajando como parte de comitês oficiais especiais. O nosso país levou mais de 48 horas para fazer as primeiras buscas para tentar encontrar Messer, que já havia fugido quando o processo começou.

Mas também apareceram outros nomes que agora são mencionados novamente. Por exemplo, a justiça do Brasil já citou Yrendagué Cambios, vinculado a Lucas Mereles, que apareceu com o codinome LucasPy no sistema de registro do grupo Messer.

Faz um ano e seis meses e a casa de câmbio – tanto quanto se sabe – não só não se incomodou em perguntar sobre as acusações de lavagem de dinheiro no país, mas também não abriu o processo para Lucas Mereles – até onde se sabe-.

As entidades jurisdicionais do Paraguai agora pretendem colocar suas próprias responsabilidades no ombro das investigações brasileiras, ignorando a suspeita de cometer crimes em solo paraguaio, que devem ser investigadas pelas autoridades fiscais e financeiras locais.

Tudo o que eles fizeram foi enviar uma delegação de promotores ao Brasil para que eles conhecessem melhor o caso.

amambay570