Preço faz brasileiro apostar em “contrabando de leite”.

Economistas explicam que alta no Brasil se deve a vários fatores, como entresafra, alta da carne e clima.

Com a alta no preço do leite registrado nos mercados brasileiros, sul-mato-grossenses têm aproveitado a proximidade com a fronteira paraguaia para comprar o produto no país vizinho, encontrado até R$ 4 mais barato.

Enquanto no Brasil, o preço do leite é vendido, em média, por R$ 6,63 em Campo Grande, nos atacadistas de Pedro Juan Caballero, cidade vizinha de Ponta Porã, está por R$ 3,65 (4.700 guaranis).

O leite longa vida Italac é comercializado entre R$ 6,79 e R$ 7,25 nos atacadistas da Capital, sendo uma das marcas nacionais mais baratas. Já a marca campo-grandense Buriti, é vendida por R$ 5,49 no Comper.

Em contrapartida, a marca paraguaia Los Colonos, é vendida por cerca de R$ 3,65, na rede “Fortis Moyorista”, que fica na fronteira com Mato Grosso do Sul. Já na cidade de Conceptión, distante 216 km de Ponta Porã, o produto é comercializado por R$ 0,74 na mesma rede atacadista paraguai.

Quem passa pela fronteira e se depara com o preço em conta, aproveita. Em publicação no Facebook, campo-grandense brincou “quem diria que eu ia fazer contrabando de leite do Paraguai kkkkk R$ 5 mais barato por litro”,.

Ele ainda explica que o leite é líquido, e não em pó, mas que por ser igual “os de caixinha”, fica válido por até 45 dias. 

Por que o leite está tão caro? Assim como os demais produtos da cesta básica, o leite sofreu alta e quase bateu R$ 10 por litro em Campo Grande no último mês.

São diversos fatores que influenciam nesta alta, sendo eles a entressafra, aumento do preço da carne bovina, alta dos custos de produção e problemas climáticos. – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS

O economista Eugênio Pavão explica que a entressafra, período entre o fim de uma colheita agrícola e o início de um novo plantio, provoca a redução dos campos verdes, emagrecendo os animais e reduzindo as produções. Essa época é longa em Mato Grosso do Sul, vai de abril até outubro.

“A alta dos combustíveis também levou à alta das embalagens de produção, junto com o custo de resfriamento do produto  que consome muita energia elétrica. Desta forma, a queda da oferta do produto é a consequência desse conjunto de fatores, pela lei da oferta e demanda, se a demanda é maior que a oferta, eleva o preço do produto”, afirmou Pavão. 

A economista Andreia Ferreira, da Diesse (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), completa que isso não vem de agora, mas sim, foi intensificado durante a pandemia, quando o preço da carne bovina disparou e parte dos produtores decidiu abater os animais.

“Com diminuição de animais, aumento dos custos de medicação e ração – como aumento do milho, soja e outros insumos – e as variações climáticas cuja oscilação têm sido bem intensa, tem repercutido de modo prejudicial no preço ao consumidor”, apontou.

Diferente de produtos como a carne, que dá para substituir por proteínas mais baratas, o leite é insubstituível, tanto para quem trabalha com o produto em receitas, quanto para famílias que usam de alimento para as crianças.

“Soube de uma senhora, que trabalha com confeitaria, que passou a usar água e sucos em substituição ao leite nas receitas de bolos, como modo de reduzir o impacto para o consumidor. Mas não dá para fazer isso sempre, e até onde aprendi com os nutricionistas, não há substituto diretamente equivalente ao leite”, ressaltou Andreia.

Fonte:  CAMPO GRANDE NEWS