O principal grupo sul-americano do setor de produção de energia, Adecoagro, inaugura hoje a segunda Usina de cana de açúcar em Mato Grosso do Sul. O empreendimento, localizado em Ivinhema, vai ter produção de até seis toneladas em quatro anos. O grupo, que já trabalha no município de Angélica, vai ter 95% de cultivo próprio de cana por falta de fornecedores. O empreendimento terá maior parte do trabalho mecanizado por conta de escassez de mão de obra.
Durante evento realizado ontem em Dourados, o presidente nacional da Adecoagro, Marcelo Vieira, explicou os motivos que levaram a empresa a investir mais uma vez no Estado. “Um dos principais fatores foram os incentivos fiscais, que apresenta uma diferença significativa para a política fiscal dos Estados mais tradicionais. Além disso, a nova Usina fica próxima da anterior, o que otimiza nossas condições de logística. Um detalhe é que teremos produção baseada em 95% de cultivo próprio na área, por falta de fornecedores locais. O mesmo vale para o trabalho, que será quase totalmente mecanizado por falta de mão de obra”, disse Vieira ao Diário MS.
Conforme o presidente da Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), Roberto Hollanda Filho, a nova Usina reflete franco crescimento do setor. “Nas últimas oito safras de cana, o Brasil cresceu 51%, o Centro-Oeste 180%, e Mato Grosso do Sul 285%. É um crescimento significativo, mas é importante dizer que ainda há um potencial muito grande, que precisa ser desenvolvido principalmente com políticas governamentais”, ressaltou.
Já para o presidente da Sulcanas (Associação dos Fornecedores de Cana Sul-mato-grossense), Paulo Diniz Junqueira Filho, a produção ainda precisa crescer muito para ser efetivamente significativa diante dos Estados como São Paulo, Paraná e Minas Gerais. “Estamos sim em expansão, mas ainda há muito que caminhar. Nesse comparativo com os mais tradicionais, o volume de fornecedores sul-mato-grossenses é pequeno por fatores culturais [produção de grãos e pecuária é dominante] e também pelos custos altos e preços achatados”, ponderou o presidente.
Conforme o presidente da Biosul, a inauguração da Usina mostra otimismo. “Vivemos um momento delicado, pois o preço de todos os combustíveis, não só do etanol, não tem acompanhado o mercado internacional”. Sobre o tema, Roberto Hollanda Filho comentou as medidas anunciadas pelo governo federal essa semana para estimular o setor sucroalcooleiro. “É positivo, mas a desoneração não reflete na bomba. Para uma baixa no preço que chega ao consumidor, é necessário que sejam colocadas políticas de longo prazo, que incentivariam novos investimentos”.
Segundo a Biosul (Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul), o Estado deve moer nesta safra 44,1 milhões de toneladas de cana, 18,3% a mais que em 2012. Para a produção de etanol, a previsão é de que ultrapasse os dois bilhões de litros, o que representa um crescimento de 22,8% se comparado ao que foi produzido no ano passado.