SABOR: Vale até usar açúcar para ter mandioca perfeita, como o sul-mato-grossense gosta

A raiz é chamada de macaxeira, aipim, mas nem Mato Grosso do Sul a boa e amarela mandioca é excelência em muitas receitas regionais e, no acompanhamento do churrasco, não é mera coadjuvante. Quantas vezes o seu humor já foi para os ares diante de um mandioca mal feita?

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“Só a carne não dá”, diz o gerente comercial Cristiano Guimarães, de 27 anos. Ele conta que uma vez por semana come churrasquinho e é fiel aos lugares que conseguem o ponto perfeito da mandioca, bem “molinha”.

É assim com quem veio de fora e experimentou, ou nasceu sabendo como a raiz amarelinha e quase desmanchando é fundamental na combinação com a carne assada ou até pura.

A dica da funcionária pública Diná Campos, de 49 anos, vem de família. Ela conta que cozinha a mandioca com sal a gosto e uma pitada de açúcar. “Aprendi assim e faço a vida toda”.

A recomendação de Diná para acertar na hora de comprar a mandioca no mercado é escolher as mais novas e finas. “Não tem erro”, garante.

O problema, segundo o feirante Sidney Yoza, de 43 anos, é que “é de época”. A má notícia é que no frio é difícil encontrar mandioca da boa. Mas Sidney lembra que quando se tem sorte não há segredos para o preparo.

O sul-mato-grossense dá tanto valor à ela que tem gente que vai ao restaurante só para comer mandioca. Basta colocar sal, molhar no vinagrete ou temperar com shoyu para matar a vontade.

Mas há clientes que inventam e assim surgem estranhas formas de comer. Na casa de espetos “Bem Bolado”, na rua Abraão Julio Rahe, a cozinheira Mary Surian, de 41 anos, conta que um dos frequentadores pede a porção de mandioca cozida, apenas, mas servida com açúcar, orégano ou com manteiga.

 

Mandioca é acompanhamento obrigatório do espetinho (Foto: Marcos Ermínio)Mandioca é acompanhamento obrigatório do espetinho (Foto: Marcos Ermínio)

Distantes – Para quem conhece, a postagem da foto de um churrasco com a fumaça saindo da mandioca amarelinha é suficiente para fazer muita gente salivar vendo o Facebook, por exemplo. Para quem mora longe então, as redes sociais viram tortura no contado com a ostentação de quem permanece aqui, entre feiras e churrasquinhos.

É impossível não reparar na ausência, principalmente, quando é servido o primeiro churrasco em terras distantes. O jornalista Rafael Paniago, de 26 anos, está há 9 meses em Blumenau, interior de Santa Catarina e sabe que ninguém substitui a mandioca sul-mato-grossense.

A nova cidade tem algumas particularidades que Rafael desconhecia, como comer carne assada acompanhada de pão e pepino em conserva como parte principal da salada. “É bem comum ver mandioca, não é raro. Porém, não é servido como em Mato Grosso do Sul, aqui eles servem como se fosse uma pasta”, explica.

Morando há mais tempo longe de casa, Letícia Spíndola, de 27 anos, vive na base do pão francês com vinagrete quando o assunto é churrasco. Em São Paulo desde 2011, a falta do ingrediente que é a cara do Mato Grosso do Sul deixa saudades no cardápio.

Encontrar a mandioca na capital paulista também não é difícil, conta, já que na cidade há muitos nordestinos e pratos que levam a raiz. Mesmo assim, não é a mesma coisa, observa. “Nossa mandioca é diferente, mais amarelinha e gostosa, essa não tem aqui”.