Produtores de tomate contratam seguranças para proteger galpões

A alta valorização do preço do tomate mudou o hábito dos agricultores emRibeirão Branco Ribeirão Branco (SP), conhecido como a capital do fruto. Alguns deles chegaram a contratar seguranças para proteger os galpões onde a produção fica armazenada até ser levada para os grandes centros.

De acordo com o produtor Izael da Silva Rosa, corre-se o risco de furto dos produtos. “Antigamente eles vinham, arrombavam o barracão e levavam insumos e defensivos. Hoje é diferente… eles preferem levar o tomate”, diz.

A situação é bem diferente da encontrada em 2012, quando os produtores enfrentaram uma das piores crises na plantação. Eles perderam parte da safra e tiveram de deixar o produto apodrecer no pé, porque o preço não valia a pena. A caixa de 22 quilos chegou a ser vendida a R$ 5, mais de R$ 100 a menos do que o preço registrado nos últimos dias.

 

Com as incertezas para 2013, muitos produtores reduziram a área plantada, por isso, em muitas lavouras, a colheita até mesmo já terminou. E com menor produto no mercado, os preços são melhores para os produtores.

Ainda segundo o produtor Izael Rosa, após perdas que chegaram a R$ 120 mil em 2012, ele, por exemplo, reduziu em 50% a área cultuivada com o fruto. Em vez de 40 mil pés, plantou 20 mil e o resultado foi bem diferente. “No ano passado não consegui colher meu tomate. Comecei colher, mas não tinha preço. Como tinha muito tomate no mercado, ficou a produção no pé. Colhi uns 20% da minha roça e o resto tive que deixar. Já esse ano foi bom. Consegui vender toda a produção que tinha”, afirma.

Em março, o produtor vendeu a caixa de 22 quilos a R$ 30. Poucas semanas depois, o preço chegou a R$ 100, mas ele já não tinha mais tomate para vender. Mesmo assim, conseguiu superar as perdas anteriores mesmo com variação do clima e a alta de 30% nos preços dos inseticidas utilizados na lavoura.


Quem ainda tem colheita para fazer está preocupado com uma virose que tem atacado as plantas, deixando as folhas queimadas sinalizam que a produtividade foi afetada.
O também produtor de tomates da cidade, Luciano Aparecido de Almeida, está feliz com a safra de 2013.  A lavoura de tomate dele já foi colhida. A caixa foi negociada a R$ 40 e foram colhidos 40 mil pés do fruto. Luciano também teve prejuízos na safra passada, mas agora conseguiu quitar as dívidas e ainda investir em maquinário e ainda sobrou para reformar a casa em que ele mora. “A gente não pensa em ser rico, mas a gente quer ter uma vida digna e produzir para conseguir levar as contas em dia, além de fazer com que os empregados que trabalham com a gente também tenham uma vida digna”, diz.

Segundo o produtor Paulo Sala, a virose ataca a raiz da planta e atrapalha o desenvolvimento do fruto. Geralmente, ela é transmitida pela mosca branca, inseto que também ataca a soja. Por esse motivo, Sala também teve que investir mais em agrotóxicos e o preço pesou no bolso.

O frete também variou muito e acabou sendo somado ao valor final, um custo de até  R$ 6 a mais por caixa. Mas o produtor acredita que na lavoura sempre se corre riscos, tanto que ele manteve a área plantada da safra passada de 40 mil pés. A produtividade esperada era de 300 caixas a cada mil pés, mas ele tem conseguindo só 250. As vendas também estão instáveis e a caixa já abaixou para R$ 70. “Há uma semana era um preço. Hoje já é outro preço. O pessoal bate em cima de preço, mas quando cai para nós, no mercado demora muito a cair”, comenta.

Economia da cidade
Se em praticamente todo o país o tomate virou vilão devido ao preço para o consumidor, que chegou a aproximadamente R$ 9 o quilo, em Ribeirão Branco os valores são comemorados. De acordo com o prefeito, Sandro Rogério, a valorização do tomate movimenta a economia. “Como os nossos produtores ganhando dinheiro com o tomate, o pessoal vai construir mais, vai ter mais transação imobiliária e uma série de coisas que vão ser benéficas para o município”, diz.

De acordo com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), a região produz 15 milhões de tomates por ano. São aproximadamente mil hectares de área planta, onde em cada um são produzidas aproximadamente 40 mil toneladas da fruta.