Napolitano aceita segundo mandato, mas faz críticas duras a políticos italianos

O presidente italiano Giorgio Napolitano tomou posse nesta segunda-feira para um segundo mandato aos 87 anos e não poupou criticas duras aos políticos italianos por sua resposta inadequada à crise econômica do país. Napolitano afirmou estar disposto a convocar novas eleições em breve para tentar resolver o impasse político no país, criticou a lentidão na reforma política e disse que chegou o momento de fazer “escolhas decisivas”. O presidente pediu aos políticos que formem um novo governo “sem atrasos”.

 

Embora tenha se emocionado com a confiança e afeição em torno de seu nome e da instituição que representa, Napolitano também foi duro em sua repreensão aos políticos por não terem conseguido fazer a reforma na lei eleitoral e por terem levado o país à paralisia política.

 

Napolitano afirmou que os grupos que pediram a ele para ser novamente presidente serão responsabilizados se não conseguirem forjar alianças e políticas para tirar a terceira maior economia da zona do euro fora da recessão e colocá-la de volta na tendência de reformas financeiras e crescimento.

 

“Tenho o dever de ser franco. Se tiver de enfrentar novamente a indiferença daqueles com quem eu entrei em choque no passado, não hesitarei em responsabilizá-los perante o país”, afirmou Napolitano.

 

Os fortes comentários de Napolitano refletem sua posição ao ter concordado em aceitar o pedido dos políticos italianos para um segundo mandato após terem falhado nos múltiplos votos para apoiar um novo nome para presidente. Napolitano, que vai enfrentar um mandato de sete anos, disse que servirá ao país “enquanto a situação pedir, e sua força permitir.”

 

O analista político, Stefano Folli, do diário Sole 24 Ore disse que os comentários de Napolitano mostram uma “clareza e dureza em precedentes”. “Esse foi o discurso de um presidente consciente não apenas de seu poder constitucional, mas de seus poderes políticos, em relação à uma classe política que falhou substancialmente”, afirmou Folli. “O presidente tem agora autoridade e influência sobre os políticos que ele nunca teve antes.”

 

Entre seus poderes constitucionais, o presidente pode dissolver o Parlamento e primeiro-ministro para formar um novo governo. Napolitano deixou claro que quer ver um novo governo formado o mais rapidamente possível. Ele disse que a Constituição requer um governo com a maioria nas duas casas, e que nenhum partido pode reclamar após as eleições dois meses atrás, implicando a necessidade de coalizão. As consultas começam novamente na terça-feira.

 

Napolitano foi reeleito no sábado após os políticos não terem conseguindo encontrar um novo candidato presidencial que pudesse vencer por maioria no Parlamento e nos votos regionais. O divisão no processo resultou na implosão do Partido Democrático de centro-esquerda, cujo líder renunciou e galvanizou o recente Movimento 5 Estrelas. As informações são da Associated.