Indignados com a falta de estrutura, médicos protestam e prometem paralisação em MS

Médicos e acadêmicos de Medicina de Dourados protestaram em praça públicaontem (26) contra o colapso na Saúde e descaso do poder público. “Batendo tambor”, a categoria afirmou que o governo tenta maquiar os problemas transferindo para os médicos a culpa da crise. Prova disso, segundo a categoria, é a decisão do Governo Federal de contratar 6 mil médicos cubanos sem que eles passem por exame do Revalida. Esta decisão foi anunciada na última semana pela presidente Dilma Rousseff. Os médicos também preparam paralisação nacional para o dia 03 de julho.

De acordo com o delegado do Sindicato dos Médicos de Dourados, Jorge Luiz Baldasso, o protesto é uma demonstração de insatisfação da categoria frente a falta de uma política pública eficiente que resolva a crise na Saúde. “Queremos levar para o debate, que o fato da presidente Dilma contratar médicos cubanos para atuar em regiões remotas não vai resolver o problema da Saúde, que é subfinanciada”, destaca.

 

 

Para Jorge Luiz, está difícil trabalhar em Dourados. Ele reclama que os equipamentos estão defasados, os hospitais não atendem a demanda e não existe um plano de cargos, carreira e remuneração. “Hoje o salário de R$ 1,8 mil é indigno para um profissional com tantas responsabilidades nas mãos. Está compensando atuar no particular”, comentou.

De acordo com o professor de Medicina, diretor da Faculdade de Ciências Sociais da UFGD, Júlio Croda, faltam investimentos, gestão e um plano de carreira que atraiam médicos. “Hoje o médico do interior sofre até mesmo com os calotes das prefeituras que oferecem um valor, mas acabam pagando outro. Além disso a falta de estrutura afasta qualquer pretensão do médico atuar.

“Por que ao invés de trazer médicos de fora, sem o Revalida, não se investe nos mais de 12 mil que se formam por ano nas universidades? Por que não se cria uma política de incentivo para estes profissionais?”, questiona Júlio.

Para o médico Temir Miranda Júnior, integrante da Associação Médica da Grande Dourados, o primeiro passo do Governo para se melhorar a qualidade no atendimento da saúde é investir. “O que adianta colocar médicos para trabalhar se os hospitais estão sucateados? O médico pede um exame que demora meses, atua num equipamento defasado, por vezes não tem onde internar o paciente. Aí pergunto, o problema está no número de médicos ou na falta de estrutura das unidades de Saúde?”, indaga. 

 

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