Delegada boliviana invalida confissão de menor

A confissão do menor de idade que diz ter sido o autor do disparo fatal que matou o jovem Kevin Espada na semana passada não diz respeito à Justiça da Bolívia. A interpretação é da delegada Abigail Saba, que cuida da investigação em Oruro e descarta usar o depoimento do jovem no processo.

“Como o jovem saiu da Bolívia? Com que ajuda? Há várias interrogações que têm de ser esclarecidas em Oruro. As autoridades não têm de levar em conta provas produzidas em outro lugar. Quem garante que este garoto não foi pressionado?”, disse Saba, por telefone.
A delegada não quis entrar em detalhes sobre a atitude do jovem corintiano de 17 anos. Nesta segunda, o menor se apresentou à Vara de Infância de Guarulhos confessando-se culpado pela morte de Kevin, de 14 anos, que foi atingido por um sinalizador de navio durante o empate por 1 a 1 entre San Jose e Corinthians, em Oruro, na última quarta.

O jovem teria ido à Bolívia em uma caravana de ônibus e disse, em entrevista a Fantástico no último domingo, que adquiriu os sinalizadores na 25 de março, tradicional comércio de rua paulistano. Ele é cliente de Ricardo Cabral, advogado da torcida organizada Gaviões da Fiel, que explicou que ele não se apresentou à Justiça boliviana para poder responder ao processo no Brasil.

Segundo Abigail, no entanto, essa confissão não muda em nada a situação dos outros 12 corintianos que seguem detidos em Oruro.
 
“Que existam outras pessoas que unilateralmente digam que são autores. Não podemos tomá-los [como verdade]. Em um outro vídeo da TV boliviana, as pessoas estão dizendo que o autor [do disparo] foi o Nonato”, disse ela, referindo-se a Hugo Nonato, de 27 anos, que está entre os detidos na Bolívia.