Confronto armado entre índios e fazendeiros virou questão de segurança nacional

Willams Araújo

O conflito armado no campo envolvendo agropecuaristas e índios em Mato Grosso do Sul se transformou literalmente em disputa política sem precedente entre o governo federal e as bancadas do Estado no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa. 
 
Particularmente, o deputado federal Marçal Filho acha que o conflito por terras no Estado virou uma questão de segurança nacional. 
 
“Os problemas precisam ser resolvidos no âmbito do diálogo. A vida de qualquer ser humano precisa ser preservada”, sugeriu Marçal Filho, que esteve conversando o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a fim de encontrar uma solução para o impasse.  
 
Por conta desse impasse, a Assembleia Legislativa também tem se movimentado no sentido de resolver o problema. 
 
O clima tenso no campo tem provocado acalorados debates no Legislativo, onde vários deputados têm se revezado na tribuna e no microfone de partes para discutir o assunto. 
 
“Somente o judiciário pode resolver os conflitos por terras em Mato Grosso do Sul”, avalia o deputado estadual Zé Teixeira (DEM), que na quarta-feira (5) usou a tribuna para se pronunciar mais uma vez sobre a questão.  
 
Representante da classe ruralista na Casa, o democrata disse que o que está acontecendo em Mato Grosso do Sul é um total descumprimento da Constituição. 
 
 “O primeiro pilar da democracia é o Legislativo, que faz as leis. O segundo é o Executivo e o terceiro, e mais importante, é o Judiciário, que faz cumprir as leis. Então afirmo que o Poder Judiciário brasileiro tem total competência para resolver este assunto de demarcação de terras no Estado e por um ponto final neste conflito”, frisou. 
 
Uma reunião nesta quinta-feira (6) deve definir a estratégia de ação do Força Nacional na região das propriedades invadidas em Sidrolândia, a 70 km de Campo Grande. A permanência do grupo em Mato Grosso do Sul foi mantida, mesmo após a suspensão da reintegração de posse da fazenda Buriti.
 
Na quarta-feira (5), em Campo Grande, o ministro disse que a chegada da Força Nacional é para garantir a paz. “Nosso objetivo é acabar com a violência, a violência tem que ser interrompida”.
 
Na quarta-feira, o TRF (Tribunal Regional Federal 3ª Região), decidiu suspender a ordem de reintegração de posse, acatando um recurso da AGU  (Advocacia Geral da União), feito por meio da procuradoria da Funai  (Fundação Nacional do Índio). 
 
A decisão, em caráter liminar, é do desembargador José Lunardelli e, segundo o presidente da Associação de Juízes Federais de São Paulo e Mato Grosso do Sul, Paulo Cezar Neves  Junior, ainda será julgada pela 1ª Turma do TRF.
 
Hoje, em Brasília, segundo o ministro da Justiça, está prevista uma reunião com lideranças terena para discutir a ocupação das fazendas. Segundo Cardozo, o objetivo é tentar um acordo para evitar novos conflitos.
 
Na reintegração de posse da fazenda Buriti, ocorrida no dia 30 de maio, o índio terena Oziel Gabriel, morreu baleado. Os índios chegaram a sair da propriedade, mas retornaram posteriormente.