Atuação da CBF é criticada em audiência pública

Pergunta enviada por internauta por meio do Portal e-Cidadania questionando se a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) faz bem ou mal ao futebol nacional motivou uma série de críticas ao funcionamento da entidade, em audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).

Para o jornalista esportivo Mauro Cezar Pereira, da ESPN, a CBF não pode se isentar da responsabilidade pela baixa qualidade do Campeonato Brasileiro de Futebol, pelo problema financeiro dos clubes e pelo baixo público nos estádios.

Segundo ele, a entidade está mais preocupada em lucrar com a seleção do que em resolver efetivamente os problemas do esporte no país.

O futebol brasileiro não sai do lugar. Está estacionado. As únicas coisas que podemos apontar como positivos são resultados eventuais da seleção brasileira, que acho que é reflexo do talento de nossos jogadores, e a sede da CBF ou a reforma da Granja Comary, o que eu acho que é muito pouco.

Precisamos ter urgentemente um campeonato bom – disse o jornalista, afirmando ainda que, enquanto a CBF fatura muito dinheiro, os clubes estão pobres.

O goleiro do Palmeiras, Fernando Prass, representante do Bom Senso F.C., concordou que a CBF tem que ter uma participação mais ativa para resolver o problema dos clubes.

Única voz dissonante, o presidente do Coritiba, Vilson Ribeiro de Andrade, que é também líder da Comissão de Clubes formada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), disse que a entidade faz muito pelo futebol brasileiro.

Eleições

Um dos problemas da CBF, segundo o jornalista esportivo Mauro Cezar Pereira, é a concentração do poder decisório da entidade em poucas mãos.

Hoje, são 47 votos na eleição para presidente da entidade: 27 dos presidentes das federações estaduais e 20 dos presidentes dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. Para ser eleito, o candidato deve receber, no mínimo, 24 votos.

Conforme a Constituição, as federações desportivas têm autonomia para definir seus estatutos e seus processos eleitorais.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) indagou se a entidade estaria disposta a apoiar proposta de mudança na legislação que garanta pleitos mais democráticos nas federações esportivas.

A ideia é que se abra um debate público sobre a necessidade de democratização do futebol brasileiro – disse Randolfe.

Hoje, por exemplo, seria impossível a candidatura de um representante do Bom Senso F.C. ou do restante da sociedade nas eleições da CBF.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 12/2012, do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que também participou da audiência pública, pode mudar essa realidade.

O projeto, em tramitação no Senado, visa limitar a autonomia das principais entidades esportivas de acordo com os “interesses da sociedade” e tem como principal efeito acabar com a reeleição ilimitada de dirigentes e presidentes. (Agência Senado)