André se diz "magoado" com policiais e vai cortar promoções

O governador André Puccinelli concedeu entrevista na tarde desta segunda-feira (20) e disse estar “magoado” com os policiais civis que estão em greve, por iniciar o movimento com as negociações ainda abertas.

“A justiça avisou que é ilegal a paralisação. Quem insistir com a greve, além das faltas, irá ficar sem pagamento e ainda perderá as oportunidades em possíveis promoções, a lei me obriga a isso”, ressaltou André.

Segundo o governador, uma nova proposta foi recebida com sete reivindicações. “Eles mudaram algumas solicitações, agora eles querem que as promoções aconteçam conforme o histórico do soldado desde o início e que também as faltas em razão da greve fossem abonadas. Mas eu não cogito abonar faltas em nenhuma hipÓtese”, justifica depois de dizer não às novas reivindicações.

Estado e policiais civis estão em impasse sobre o valor do reajuste. Inicialmente a proposta do governo era de reajuste escalonado de 7% a 28%, com a promoção de policiais da classe substitua para a terceira classe (de R$ 2.361,21 para R$ 3.031,80), além de reajuste de 8% em 2014 e cogitou 12% para 2015. Depois, adiantou o fim do repasse para dezembro do ano que vem. Escrivães, investigadores, agentes e papiloscopistas querem 25%.

O estado de Santa Catarina serviu de exemplo. André lembrou que não houve reajuste neste ano por lá e os policiais já estão entrando em sua sexta greve. “Quero demonstrar que tenho respeito aos profissionais. Essa é a primeira vez que estou negociando um reajuste sem ter dinheiro no bolso”, lembrou.

A greve dos policiais civis entrou no 4º dia nesta segunda-feira, mesmo sendo considerada ilegal pelo Tribunal de Justiça. Caso não entrem em acordo com o Governo do Estado ainda hoje, Puccinelli ameaça enviar a tabela sem reajustes amanhã, encerrando as conversas. “Estou dando a chance deles debaterem e trazer a proposta pra mim que irei analisar”, finalizou.

Estavam presentes na entrevista coletiva também, o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Ociel Ortiz, o comandante geral da corporação, coronel Carlos Alberto Davi dos Santos, delegado geral de Polícia Civil, Jorge Razanauskas e o secretário de estado de Justiça e Segurança Pública, Wantuir Jacini.

Policiais civis se reúnem em nova assembleia ainda hoje, às 18 horas, na sede do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis).

Sem acordo – O governador chegou a afirmar na entrevista que apenas os policiais civis não entraram em acordo com os reajustes e que policiais militares e bombeiros estariam satisfeitos.

Mas em assembleia na Associação dos Cabos e Soldados, no mesmo momento em que o governador conversava com a imprensa, a proposta foi rejeitada.

O governo apresentou à PM reajuste para soldados de 7% este ano e 8% seguidos de 20% até dezembro de 2014. Para cabo a indicação é de 7%, 8% e 14%, respectivamente. Segundo o presidente da Associação, Edmar Soares da Silva, o salário da categoria é o terceiro mais baixo de todo Brasil.

Os PMs decidiram pelo aquartelamento a partir das 8 da manhã desta terça-feira (21), todos os trabalhos serão paralisados com as guarnições cumprindo expediente dentro dos seus quartéis.

“A única diferença que nos ofereceu foi adiantar de 2015 para dezembro de 2014. Se ele não tem condições de pagar, não temos para trabalhar por este valor”, indagou Edmar.

A proposta inicial dos PMs era atingir o piso salarial de R$ 4,5 mil em 2015, aumentando assim em 110% o salário. “Faz um ano que a proposta está nas mãos dele (André). Poderia chegar esse piso de forma parcelada, mas ele diz não ter dinheiro. Então pare as obras do Aquário do Pantanal para economizar, afinal ia ser a gente que iria fazer a segurança lá quando ficar pronto”, sugeriu Edmar.

Representantes da Associação dos Cabos e Soldados prometem ir a Assembleia Legislativa às 8h30 da manhã para demonstrar a insatisfação da classe. “Os deputados podem ficar tranquilos que vai ser uma manifestação pacifica”, finalizou o presidente.