“90% dos cânceres de mama são adquiridos”, afirma o médico Hudson Okano

Ao CB.Saúde, o médico coordenador da mastologia do Hospital São Francisco de Ceilândia explicou que a maioria dos casos da doença não é hereditária. Ele adiantou que uma vida saudável diminui a possibilidade de aparecer a mutação

Do total de casos de câncer de mama diagnosticados, 90% são adquiridos e os outros 10% surgem devido a fatores genéticos, afirmou Hudson Hiroshi Okano, coordenador da mastologia do Hospital São Francisco de Ceilândia, ontem, em entrevista ao CB.Saúde — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília.

O mastologista explicou que pessoas com predisposição para desenvolver a doença representam uma parcela reduzida dos casos e o melhor aliado para se proteger é levar uma vida saudável. “Hoje, sabemos que é possível reduzir próximo de 30% (a chance de a pessoa desenvolver) o câncer de mama com algumas medidas. Diminuir a ingestão de álcool, praticar atividade física, preocupar-se com o controle do peso ideal para a idade e altura”, disse. Hudson também alertou para os sintomas do câncer de mama nos homens.

Quais desafios a pandemia trouxe para a área de prevenção ao câncer de mama?

A principal limitação é a ausência da procura dos serviços para que (os pacientes) continuassem os seus tratamentos e para que pudessem verificar anormalidades que poderiam se transformar num tratamento. Pelo novo coronavírus ser muito recente, devemos ter a consequência real da intervenção do vírus na rotina dos cirurgiões oncológicos e oncologistas clínicos em breve, até porque a doença vai progredindo à medida que o paciente vai deixando de fazer o tratamento na melhor hora.

Quem não fez os exames de rotina, está na hora de começar a agendar?

É sabido que estamos vendo liberações, determinações para que possamos voltar ao cenário com os cuidados. No Brasil, estão sendo permitidas liberações de cinema, cabeleireiros, restaurantes, e acho que o cenário da medicina não deveria ser diferente, claro, respeitando o que a gente vem testando para que se faça a proteção de todos.

Todo câncer de mama tem a necessidade de uma cirurgia?

O que temos, hoje, é que todo câncer de mama diagnosticado vai passar por cirurgia. Eventualmente, atuamos com tratamentos paralelos, que não a cirurgia, para pacientes em que o risco cirúrgico é maior do que não fazê-la. Ao não fazer a operação, você vai permitir que o paciente receba um tratamento que vai proporcionar mais vida a ele.

Se em uma família não há casos, a pessoa corre pouco risco de ter câncer de mama?

Não se pode basear por isso, haja vista que 90% dos cânceres de mama são adquiridos. Hoje, sabemos que é possível reduzir próximo de 30% (a chance de a pessoa desenvolver) o câncer de mama com algumas medidas. Diminuir a ingestão de álcool, praticar atividade física, preocupar-se com o controle do peso ideal para a idade e altura. Outros fatores poderão contribuir, como exposições a terapias hormonais por longa duração, agentes químicos, estresse, poluição e sedentarismo, são vários os fatores. Nesse cenário, tentar levar a vida mais saudável possível vai ter impacto.

Em que o homem deve prestar atenção?

O homem, quando está prestes a descobrir o câncer de mama, vai ter alterações parecidas com o que poderá acontecer na mulher, como a vermelhidão ao redor da aréola. Normalmente, o câncer de mama masculino é mais central, às vezes, com retração de pele ou mudança na textura da pele.

Fonte: Caroline Cintra / Correio Brazilienze